Ela nos educa para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos neste mundo de forma sensata, justa e piedosa. (Tito 2:12)
Foi Dietrich Bonhoeffer (1906 - 1945) quem evidenciou o termo “graça barata”, que veio a caracterizar muito do cristianismo da atualidade.
Bonhoeffer era um pastor alemão e resistente ao nazismo. Ele foi enforcado em 1945, mas não antes de seus escritos terem deixado sua marca.
Bonhoeffer falou fortemente contra a secularização da Igreja. Ele analisou os perigos da superficialidade da igreja em relação à graça.
A graça barata não é uma referência à graça de Deus, é uma graça falsificada, uma graça de barganha, de segunda mão.
A graça barata é na realidade uma graça auto-concedida, uma pseudo-graça, é uma graça artificial que lembra as indulgências que Roma vendia nos dias de Martinho Lutero.
Graça barata significa a justificação do pecado sem a justificação do pecador. Graça barata, portanto, equivale a uma negação da Palavra de Deus.
Muitos cristãos ignoram completamente a verdade bíblica de que a graça "nos instrui a negar a impiedade e os desejos mundanos e a viver sensata, justa e piamente no presente século" (Tito 2:12).
Em vez disso, eles vivem como se a graça fosse um pacote sem compromisso e sem exigências morais.
É uma graça que chama os pecadores a Cristo, mas não os convida a se renderem a Ele.
Não é de admirar que muitos os cristãos estejam confusos. Há líderes que seguem esta cultura da graça barata e há até teólogos que dão seu selo de aprovação. A situação é deplorável.
Mas, então, o que é Graça Segundo a Bíblia?
Uma das definições de graça mais conhecidas são apenas três palavras: Favor imerecido de Deus.
A. W. Tozer expandiu isso: "A graça é o beneplácito de Deus que o inclina a conceder benefícios aos indignos".
Louis Berkhof é mais direto ao ponto: a graça é "a operação imerecida de Deus no coração do homem, efetuada pela ação do Espírito Santo".
A graça não é meramente um favor imerecido, é favor concedido aos pecadores que merecem a ira.
Mostrar bondade a um estranho é "favor imerecido", fazer o bem aos inimigos, isso é graça (Lucas 6:27-36).
A graça é um princípio dinâmico, ativo e operante: "A graça de Deus se manifestou, trazendo salvação e instruindo-nos" (Tito 2:11-12).
Não é algum tipo de bênção que fica ociosa. A graça é a iniciativa soberana de Deus para com os pecadores (Efésios 1:5-6).
A graça não é um evento único na experiência cristã. Permanecemos na graça (Romanos 5:2). Toda a vida cristã é impulsionada e fortalecida pela graça: "Bom é que o coração se fortaleça pela graça, não pelos alimentos" (Hebreus 13:9).
Pedro disse que devemos "crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Pedro 3:18).
Assim, podemos definir corretamente a graça como a influência livre e benevolente de um Deus Santo operando soberanamente na vida de pecadores indignos.
Deus nos capacita, através da graça, a "negar a impiedade e os desejos mundanos" para que possamos desfrutar de uma vida sensata, justa e piedosa na era presente (Tito 2:12). "Porque somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas" (Efésios 2:10).