Jeremias, um homem chamado ainda no ventre
O Senhor me disse: Antes do seu nascimento, quando você ainda estava na barriga da sua mãe, eu o escolhi e separei para que você fosse um profeta para as nações. (Jeremias 1:4,5)
Ele teve o ministério mais difícil entre os profetas do Senhor. Foi por isso chamado muitas vezes de "o profeta das lágrimas".
Quando iniciou o seu árduo ministério, o rei Josias estava reinando havia treze anos. Jeremias apoiava todas as reformas que o bom rei Josias estava fazendo depois de décadas de idolatria com os reis Manasses e Amom. Mas não demorou muito para Jeremias ver que as mudanças não estavam resultando em uma transformação sincera do povo.
Seu difícil ministério foi longo, iniciou no reinado de Josias, e foi até Zedequias, e durante este período o povo se manteve rebelde contra Deus.
Jeremias chamava constantemente o povo ao arrependimento, e por causa da sua mensagem de juízo e de sua devoção ao Senhor, ele enfrentou muita oposição e sofrimento .
Sim, ele a era um homem com uma mensagem severa, e como não ser quando se está falando a um povo rebelde e idolatra?
Desde o ano treze de Josias, filho de Amom, rei de Juda, até este dia (que é o ano vinte três), veio a mim a palavra do Senhor, e vo-lá anunciei a vós, madrugando e falando; mas vós não escutastes. (Jeremias 25:3)
Mas ele também era um homem de coração sensível e quebrantado. O que tornou seu sofrimento mais intenso, à medida que o povo rejeitava a palavra de Deus.
As advertências proféticas de Jeremias a respeito do iminente juízo divino passaram despercebidas pela povo, eles estavam muito ocupados com os seus pecados e idolatria.
Até que Nabucodonosor entrou em Jerusalém com seu exército (Jeremias 39:1-10), e começava naquele momento 70 anos de cativeiro em babilônia.
Durante seu ministério, ele pregou a ouvidos surdos e só recebeu ódio em troca do seu amor.
Devido à sua mensagem impopular, teve uma vida solitária. E sua dedicação ao ministério o impediu de formar uma família.
O sacerdote responsável pelo templo mandou que Jeremias fosse amarrado a um tronco e o açoitou. Mesmo assim ele nunca recuou. É o que devemos fazer, mesmo diante das mais terríveis dores.
Ele lutou com o falso profeta Hananias, que pregava o que o povo queria ouvir. Pessoas assim sempre goza de boa popularidade, é assim até hoje.
O rei o desprezou e mandou queimar as mensagens que ele as enviou. Os príncipes de Judá se iraram contra ele, o prenderam e o lançaram no calabouço.
Certo escritor disse sobre este grande homem de Deus: Nunca foi imposto sobre um homem mortal fardo mais esmagador.
Em toda história judaica, nunca houve semelhante exemplo de intensa sinceridade, sofrimento sem alívio, proclamação destemida da mensagem de Deus e intercessão incansável de um profeta em favor do seu povo como vemos no ministério de Jeremias.
Contudo, ele suportou a hostilidade, a solidão, a angústia e até mesmo a sensação de aparente fracasso.
Podemos ver em seus relatos, tanto suas emoções conflitantes e muitas vezes depressivas, como também sua fé e confiança em Deus.
Tenho certeza, que não só eu, mas todos que conhecem a sua história, um dia já se perguntaram, como Jeremias suportou tudo isso? Como suportou um ministério longo, com tanta tristezas, sofrimento e dor?
A respostas estão nos primeiros versículos de seu livro (Jeremias 1:4,5).
A soberania de Deus, foi Ele quem o chamou, e fez isso antes de seu nascimento. A soberania de Deus, aniquila qualquer vestígio de orgulho.
Foi Deus quem o capacitou, o enviou e o ordenou o que devia falar ao povo (Jeremias 1:7). Foi Deus quem o encorajou e prometeu estar com ele (1:8). Foi Deus quem colocou as palavras em sua boca (1:9). Foi Deus quem o consagrou como profeta para as nações (1:10).
Como qualquer um que foi chamado, capacitado, consagrado e enviado por Deus, Jeremias não conseguia entender porque estava sendo submetido a tudo aquilo.
No fim, Ele entendeu que Deus é soberano, não só para chamar, como para capacitar, cuidar, livrar e sustentar.
Que nenhum de nós ouse aceitar um ministério para qual Deus não nos chamou, a falar o que Deus não mandou falar, e a ir onde Deus não mandou ir, porque ninguém suportará um ministério sem que por Ele seja chamado, capacitado e enviado.
Elias Marcelino
Enviado por Elias Marcelino em 28/07/2021
Alterado em 28/07/2021